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  • Foto do escritoras aventuras da judite

pelo camiño dos faros de autocaravana


Temos a tradição (e a superstição) de viajar sempre durante as nossas passagens de ano, talvez à espera que o ano novo seja recheado de muitas e boas viagens. E este ano não foi diferente. Por isso, pegámos na Judite, na Bolota e no Tobias, os nossos cãopanheiros, e rumámos, a 31 de Dezembro de 2019, à Galiza, uma das nossas regiões preferidas de Espanha, para percorrermos de autocaravana a paisagem de um dos percursos pedestres mais famosos e arrebatadores da Europa: o Camiño dos Faros.

Claro que este percurso não pode ser realizado de autocaravana, mas não era o que pretendíamos. A nossa ideia era deixar-nos envolver, durante 5 dias, pela magia e pela história deste pequeno recanto da Costa da Morte, enquanto percorríamos as estradas paralelas ao extraordinário percurso pedestre de 200 km do Camiño dos Faros, que se inicia em Malpica de Bergantiños e termina na Finisterra.

Faróis, pequenas vilas e aldeias típicas, portos de pesca, natureza virgem e protegida, praias selvagens e desertas, paisagens agrestes e acidentadas, histórias dramáticas de um povo resiliente, gastronomia deliciosa e ofícios tradicionais, fazem deste pedaço de terra uma das zonas mais míticas da Galiza. Características estas que contribuem para uma inesquecível viagem de autocaravana.



DIA 0 | PORTO - ASA DE POIO

ETAPA | 172 km | 2h00


A ideia inicial era sairmos do Porto e seguirmos directos para Malpica de Bergantiños, a vila piscatória onde começa o Camiño dos Faros. Mas como saímos muito tarde de casa, depois de um dia de trabalho, numa véspera de passagem de ano, decidimos pernoitar a meio do caminho, na ASA de Poio, nos arredores de Pontevedra, na localidade com o mesmo nome.

E aparcados, junto de outros companheiros autocaravanistas espanhóis, preparámos a nossa passagem de ano, que este ano foi celebrada de forma dupla: pela hora espanhola e claro pela hora portuguesa.



PERNOITA | Área de Serviço de Poio (gratuita)

Esta ASA fica numa zona residencial, muito sossegada e silenciosa. Pelo menos, assim foi durante esta noite de ano novo. Mas acreditamos que durante o Verão não seja assim tão calma. Situada numa margem da Ria de Pontevedra, a paisagem circundante é lindíssima, com viveiros e praias ao seu redor. Mesmo ao lado desta ASA encontra-se um restaurante e na aldeia existe algum comércio local.

Com um espaço verde envolvente, é permitido passear os animais de companhia, mas há sinais a obrigar a apanhar os seus dejectos, correndo o risco de aplicação de multas.

Equipamentos/ serviços: água (não potável), contentores do lixo, local para despejo de águas sujas e despejo de sanitas. Esta ASA não tem balneários nem wc.




DIA 1 | POIO - MALPICA - CORME - AS GRELAS

ETAPA | 159 km (ASA de Poio - Malpica) | 55 km (Malpica - Corme - As Grelas)


Saímos bastante cedo da ASA de Poio e seguimos directos para Malpica de Bergantiños, a vila piscatória onde se inicia este famoso Camiño dos Faros, para dar início à primeira etapa do nosso roteiro.

  • MALPICA DE BERGANTIÑOS | é no centro desta vila que esta viagem tem de começar, pois é aqui que temos a primeira visão de algumas das mais interessantes características que vamos encontrar ao longo deste roteiro, como pequenas vilas, com as suas casas coloridas encavalitadas na paisagem acidentada, ou os típicos pequenos portos de pesca com as redes e gaiolas para a apanha do polvo espalhadas pelo caminho, com os seus tradicionais barcos a ondular no horizonte.

  • CABO DE SAN ADRIÁN | fica localizado a 4km de distância do centro de Malpica. Ao longo deste curto percurso, além das fabulosas vistas para a vila, vamos percorrendo alguns recantos e praias encantadoras, como a Praia de Area Maior e a Praia de Seaia. No fim do Cabo de San Adrián encontramos a Fonte e o Santuário de San Adrián, de onde se tem vistas incríveis sobre Malpica e para as Ilhas Sisargas, um arquipélago de pequenas ilhotas desabitadas. E também é aqui que visualizamos, pela primeira vez, um pequeno trilho pedestre do enorme Camiño dos Faros. E foi aqui, pelo seu ambiente idílico e pelas fabulosas vistas, que aproveitámos para fazer o nosso almoço.

  • FARO DE PUNTA NARIGA | o primeiro dos 8 faróis deste percurso. Localizado no Monte Nariga é neste local que temos a percepção de mais uma característica desta região espanhola: o isolamento. Característica que nos irá acompanhar quase ao longo de todo o nosso roteiro. Esta "punta" que entra no mar, e onde se localiza este farol, insere-se num conjunto de rochedos com formas invulgares, esculpidas pelo forte mar e pelo constante vento. Um curto passeio por entre estas formas rochosas permite-nos ter uma visão sobre as paisagens selvagens e panorâmicas deste Camiño. Nas traseiras do farol, virada para o mar, encontramos uma escultura, inaugurada em 1997, que simula a proa de um navio a entrar no mar.

  • CORME | esta pequena vila piscatória possui um tranquilo porto de pesca muito típico desta região. Terra de marinheiros, foi no passado um dos principais portos da Costa da Morte. Nos dias de hoje, a apanha de percebes tornou-se a principal e a mais importante actividade económica da vila. Os percebes de Corme estão considerados como os melhores de toda a costa galega.

  • FARO RONCUDO | localiza-se nos arredores da vila de Corme. Esta bela estrada, com vistas extraordinárias para a costa agreste e acidentada, leva-nos a interiorizar uma outra característica desta região: a dureza desta costa e a resiliência deste povo. Antes de chegarmos ao farol, vamos vislumbrando várias cruzes cravadas ao longo da costa para homenagear as vidas perdidas para este mar. A melhor altura para visitar este pedaço de terra, se as condições assim o permitirem, é durante o pôr-do-sol.

Como o dia já estava a terminar, fomos à procura de um lugar para pernoitar. Com muita pena nossa passámos a correr por Ponteceso, uma bonita vila com uma interessante ponte que atravessa o rio Anllóns. E na aldeia As Grelas, nos arredores de Ponteceso, ficámos num sossegado parque de estacionamento, conhecido como Aparcadoiro Ruta do Rego dos Muiños, que se encontra virado para mais um pequeno trilho do Camiño dos Faros.















PERNOITA | Aparcadoiro Ruta da Rota dos Muiños | Coordenadas GPS: 43.215256, -8.947776 | (gratuito)

Parque de estacionamento localizado na estrada principal da aldeia As Grelas, logo após a vila de Ponteceso. Muito sossegado, com vistas para um pequeno trilho pedestre do Camiño dos Faros. Este estacionamento é muito utilizado durante o dia, por pessoas que deixam aqui as suas viaturas para irem fazer uma pequena caminhada por este trilho. Mas muito pouco utilizado durante a noite. A Judite foi a única viatura a passar aqui a noite.


Não possui qualquer tipo de equipamentos/ serviços de apoio para autocaravanas. Apenas caixotes do lixo.





DIA 2 | AS GRELAS - LAXE - CAMARIÑAS - CAMELLE - AROU

ETAPA | 57 km


Acordámos com o céu carregado, mas com vistas extraordinárias para a Senda do Anllóns. Apesar deste clima instável, outra característica desta região, o dia manteve-se dramático, mas sem chover, o que permitiu a boa continuação desta viagem. Arrependemo-nos de não termos voltado para trás, para visitar a bela vila de Ponteceso, mas talvez por estarmos com medo da chuva, que ameaçava cair, decidimos manter o nosso roteiro original.

  • LAXE | a nossa primeira paragem do dia foi na típica vila piscatória de Laxe, que tem um porto de pesca tradicional muito bonito, com as suas casas coloridas voltadas para o mar. E no centro desta vila encontramos o enorme areal da Praia de Laxe. Estacionámos em pleno porto de pesca, o que começa a ser recorrente, por ser tão prático e comum, tanto para os trabalhadores do porto, residentes, mas também para outros companheiros autocaravanistas. De frente para o porto encontramos a bela Igreja de Santa Maria da Atalaia, em pedra, edificada no século XIV, com um cruzeiro no seu átrio e de onde se tem vistas incríveis para o porto e para a praia de Laxe. No seu átrio também vamos avistando alguns túmulos, que reforçam a ideia da dureza da vida destas gentes do mar.

  • FARO DE LAXE | depois de tomarmos um café nesta vila, seguimos para a Punta da Insua, para visitar mais um farol desta rota. Ao lado do farol vamos encontrar a estátua "A Espera", uma emotiva homenagem às mulheres que esperam angustiadas o regresso dos homens a terra. Mas também para nos recordar que estamos a entrar numa das zonas mais fustigadas pelos constantes naufrágios ocorridos nesta costa. E as paisagens extraordinárias continuam a seguir-nos.

  • PRAIA DOS CRISTAIS | um pequeno desvio, após deixarmos o Farol de Laxe, leva-nos até esta caricata praia. Numa minúscula enseada vamos encontrar um areal coberto de pequenos cristais coloridos. Conta-se que perto desta praia existia um depósito para onde eram atiradas garrafas e outros objectos de vidro. E este mar caprichoso decidiu devolver a terra todos esses pequenos pedaços de vidro em forma de pedras coloridas. É uma experiência curiosa, mas há que ter atenção que é expressamente proibido tirar estes pequenos pedaços de vidro da praia. Também é preciso ter atenção que a estrada que nos leva até à entrada desta praia é muito estreita e difícil para as autocaravanas de grandes dimensões fazerem a inversão de marcha.

  • CAMARIÑAS | decidimos, depois de deixarmos para trás a Praia dos Cristais, seguir directos para esta vila para provar a gastronomia galega, e para matarmos saudades das incríveis zamburiñas a la plancha. Tornámos a estacionar no típico porto de pescas, ao lado das também típicas gaiolas para a apanha do polvo, e fomos à procura de um sítio para provarmos os sabores deste mar. Um residente recomendou-nos o Restaurante A Mariña, localizado no centro da vila, perto do porto. Apesar de ser um pouco caro, os mariscos e os peixes apanhados nesta costa não desiludiram, principalmente, quando acompanhados por um bom copo de vinho branco desta região. Camariñas já foi um dos portos marítimos mais importantes da Costa da Morte, mas a actividade mais famosa desta vila continua a ser a renda de bilros de Camariñas, uma arte tecida pelas famosas palilleiras. É possível visitar o Museu Encaixe de Camariñas para se perceber a história, a técnica e a importância desta arte.

  • CAMELLE | a nossa próxima paragem, de regresso ao objectivo do nosso roteiro original, ou seja, contornar a costa galega sempre que possível, foi a vila piscatória de Camelle, onde tivemos a experiência mais curiosa e singular de toda esta viagem: a visita à Casa do Alemão, que iremos explicar melhor nesta publicação, para quem tiver essa curiosidade. Camelle é uma vila típica, em pleno coração da Costa da Morte. Foi aqui que se deu a primeira maré negra provocada por muitos naufrágios na costa desta região. E também foi aqui que um alemão, conhecido pelas gentes locais, como Man, o Alemão decidiu viver em comunhão com a natureza e com a paisagem. E que toda a sua vida foi dedicada a proteger esta região tão fustigada. A sua pequena casa ainda pode ser visitada, apesar de a termos encontrado fechada, talvez pela época do ano escolhida para a nossa viagem.

  • AROU | nos arredores de Camelle fomos encontrar esta típica aldeia, onde decidimos pernoitar, ao lado de mais um troço do trilho pedestre do Camiño dos Faros, a ouvir o barulho do mar e da chuva, que finalmente decidiu cair ao final da tarde. Antes de estacionarmos a Judite, valeu a pena ir até ao final da aldeia e ver o local típico onde os pescadores guardam os seus barcos de pesca e as alfaias desta actividade, nos tradicionais palheiros de madeira.
















PERNOITA | Parque de estacionamento de Arou (gratuito)

Ao som das ondas do mar e da chuva a bater na Judite, foi neste parque de estacionamento, no centro da vila de Arou, localizado à frente da praia com o mesmo nome, onde tivemos a nossa melhor pernoita, ao longo de toda esta viagem.

Este parque de estacionamento dá apoio, principalmente no verão, a esta praia e não tem quaisquer serviços para autocaravanas. Existem casas de banho públicas neste espaço, mas encontravam-se encerradas à data da nossa pernoita.

É um espaço muito calmo, talvez pela época do ano. Não tivemos nenhum vizinho durante toda a nossa permanência, nem sequer viaturas dos residentes da aldeia. E como chegámos cedo, com medo da chuva, que acabou por cair ao final deste dia, aproveitámos para dormir a sesta e para jogar scrabble.

Ainda antes de prepararmos o nosso jantar, tivemos tempo para fazer uma pequena caminhada com os nossos cãopanheiros pelo trilho do Camiño dos Faros, que atravessa esta praia e esta aldeia. Mas atenção, o acesso à praia de Arou está vedado a animais, o que nos surpreendeu, já que foi a única praia onde encontrámos esta sinalização, ao longo dos nossos percursos pela Costa da Morte.




DIA 3 | AROU - CEREIXO - MÚXIA

ETAPA | 47 km


Não há clima mais instável que o da Costa da Morte. Depois de adormecermos ao som da chuva, acordámos com um sol brilhante carregado de uma neblina mágica, que nos acompanhou ao longo de toda a nossa manhã. Ideal para a fotografia, dá um ar ainda mais místico às paisagens desta região.

  • CEMITÉRIO DOS INGLESES | a nossa primeira visita foi ao Cemitério dos Ingleses, que fica localizado na chamada Punta Boi. Local onde descansam os corpos de 172 marinheiros ingleses, vítimas de três dos mais dramáticos naufrágios ocorridos nesta costa, durante o século XIX. Tendo sido o naufrágio do Serpente, navio da Coroa Britânica, em 1890, o mais trágico deles todos. Acredita-se que foi a partir destes episódios que esta região passou a ser denominada por Costa da Morte. A neblina matinal, o silêncio, apenas quebrado pelo som das ondas do mar, e o isolamento deste lugar, transmitem-nos uma sensação profunda de paz, mas a história e a placa em homenagem a todos aqueles que perderam a vida nestes mares, não nos deixa esquecer as tragédias aqui ocorridas ao longo dos séculos.

  • FARO VILAN | para evitar novas tragédias e melhorar a navegação nestes mares, foi construído o Faro Vilan, próximo farol deste roteiro. A estrada directa que nos leva do Cemitério dos Ingleses até ao Faro Vilan foi a estrada mais bonita e panorâmica de toda a nossa viagem, mas também a mais degradada. Esta estrada de terra batida, que também é um trilho pedestre do Camiño dos Faros, leva-nos sempre ao lado do mar e sempre com o fotogénico Faro Vilan como pano de fundo, que ao longo da manhã manteve-se fantasmagoricamente escondido pela neblina. O Farol de Vilan tem um museu e uma sala de exposição, onde é possível perceber o funcionamento deste tipo de edifício e actividade. Outra curiosidade desta visita é poder conversar com a faroleira, uma das primeiras mulheres em Espanha a desempenhar esta profissão. À data da nossa visita, infelizmente, não foi possível fazer nenhuma destas coisas, por estar fechado. Por isso, seguimos viagem para encontrarmos um recanto qualquer para parar e fazer o nosso almoço.

  • CEREIXO | esse recanto foi encontrado na pequena praça no centro da aldeia de Cereixo, entre a Igreja de Santiago de Cereixo e as Torres de Cereixo, construídas no século XVII. Por baixo de um enorme carvalho, que se transforma também numa atracção turística, parámos a Judite e aproveitámos para comer e para visitar esta bela aldeia, localizada nas margens da foz do Rio Grande. A Igreja do século XII, de estilo românico, tem sobre a sua porta uma alavanca para se tocar o sino.

  • DE CEREIXO A MUXÍA | as estradas secundárias que nos levam até Muxía fazem-nos atravessar uma pequena zona rural muito bonita, com as suas características típicas, como celeiros em pedra para armazenar as colheitas, campos verdes cultivados e pequenas aldeias com casas de pedra. Também foi neste pequeno percurso que finalmente passámos por alguns parques de campismo, mas alguns sem acesso a autocaravanas. Mesmo estando numa zona rural, nunca abandonámos o mar, e ao longe avistámos mais um dos faróis deste percurso: o pequeno Faro do Lago. À entrada da cidade de Muxía, encontrámos a ASA de Muxía, ideal para fazermos a manutenção das águas e da sanita, ao fim de 3 dias de viagem, mas não ficámos para pernoitar.

  • PUNTA DA BARCA | esta zona dos arredores do centro de Muxía levou-nos a considerar esta a cidade mais bonita do Camiño dos Faros. Encontrámos mais um farol, o Faro de Muxía, visitámos a Igreja da Virxe da Barca, caminhámos pelo Passeo de La Memoria, que marca o desastre do Prestige, descobrimos a Pedra de Abalar, um megalítico com poderes místicos e de adivinhação e assistimos a um incrível pôr-do-sol. O ambiente estava tão bom, na companhia de outros autocaravanistas, que pensámos em ficar a pernoitar neste parque de estacionamento, que fica entre o mar e o Faro de Muxía. Mas com a chegada de alguns jovens a fazer peões com o seu carro por entre as autocaravanas e algumas viaturas aqui estacionadas, e com a saída de todos os companheiros autocaravanistas deste espaço após este episódio, achámos que este incrível espaço não era assim tão ideal para pernoitar.

Assim, descemos até ao centro de Muxía e fomos encontrar, mais uma vez, no seu porto de pesca essa pernoita segura. Perto de bares e de muitos restaurantes decidimos ser preguiçosos e ir comer umas deliciosas tapas e beber um bom vinho, para relaxar.


















PERNOITA | Porto de Muxía (gratuito)

Como já é recorrente nestas paragens, fomos encontrar a nossa pernoita no porto de pesca no centro da cidade de Muxía, junto dos mesmos companheiros, que tal como nós, foram "corridos" do estacionamento da Punta da Barca.

Local muito sossegado e seguro, sem qualquer tipo de equipamentos para autocaravanas. Rodeado de bons bares e restaurantes, é a localização ideal para se ir à procura dos sabores e iguarias desta cidade. De manhã é um pouco menos sossegado com algum barulho característico dos trabalhadores do porto e de alguns residentes que usam este espaço para fazer as suas caminhadas matinais ou para passear os seus animais.




DIA 4 | MUXÍA - NEMIÑA - FINISTERRA

ETAPA | 55 km


Entrámos na última etapa deste "nosso" Camiño dos Faros e ainda nos faltava dois faróis para conhecer. E foi o que fizemos logo pela manhã, depois de nos despedirmos de Muxía. Mas antes visitámos a pé, como muitos dos residentes, os incríveis graffitis do colorido porto de pesca de Muxía. À saída do centro da cidade, percebemos que esta zona é bastante acidentada ao pé do mar, por isso, a viagem da Judite teve que ser feita mais pelo interior, afastada da costa. Mas este desvio também tem os seus encantos. Região mais florestal e rural, passámos por várias aldeias típicas, rodeadas por algumas florestas, campos de cultivo, com os seus típicos celeiros de pedra.

  • FARO DE TOURIÑA | este é o penúltimo farol desta viagem, localizado no cabo de Touriña. Para chegarmos lá, passamos por uma das paisagens mais bonitas que encontrámos ao longo destes dias: os Prados de Touriña. E temos a sensação que acompanhamos esta ponta de terra a entrar nesse mar. Depois de passearmos um pouco ao redor do farol, para ver as extraordinárias paisagens, através de mais um pequeno trilho original do Camiño dos Faros, decidimos ir fazer o nosso almoço a uma das praias mais conhecidas deste pedaço de costa: Praia de Nemiña.

  • PRAIA DE NEMIÑA | mas a experiência não foi a mais agradável. Esta praia é muito utilizada por surfistas e por pessoas que gostam de actividades náuticas. Com meia dúzia de habitações e dois restaurantes, que estavam fechados, apenas têm um pequeno espaço para estacionar. Estacionamento esse proibido a autocaravanas. Como a localidade estava quase desabitada e como estavam duas vans alteradas de surfistas aqui estacionadas, decidimos não fazer caso ao sinal de proibição e parar para comer alguma coisa. No entanto, os olhares atravessados de pessoas que paravam os seus carros perto da Judite fizeram-nos sentir tão incomodados, que preferimos ir comer as nossas sandes para outro lugar qualquer.

  • DE NEMIÑA A FINISTERRA | e ainda bem que isso aconteceu. Ao longo deste pequeno percurso até Finisterra, vamos passar por muitas praias desertas, onde é possível parar, estacionar e deixar os cães correrem como loucos no areal. Uma dessas praias foi a Praia de Rostro. Este pedaço de percurso está tão cheio de praias deste tipo, que se fossemos a parar em todas não chegaríamos à Finisterra.

  • FARO DE FINISTERRA | destas praias selvagens seguimos directamente para o Cabo e o Farol de Finisterra. E tal como o Camiño de Santiago, também é aqui que termina este fantástico Camiño dos Faros. Aproveitámos para recordar este místico fim de terra, como era conhecido pelos romanos, ver o fantástico pôr-do-sol e comprar alguns típicos recuerdos de viagem. Com muita pena de não termos conseguido encontrar o Trasky, um ser místico desta região, que se transformou na mascote e símbolo do Camiño dos Faros.

Infelizmente, também aqui no parque de estacionamento do Faro de Finisterra se começa a sentir alguma intolerância para com os autocaravanistas, apesar de haver algumas alternativas perto. Mesmo assim, descemos até ao centro da vila e fomos encontrar um parque de estacionamento privado para autocaravanas.
















PERNOITA | Parque de estacionamento privado em Finisterra (€5,00 pernoita - 1 autocaravana, 2 adultos e 2 cães / €3,00 electricidade)

O que mais gostámos deste espaço foram as vistas incríveis para a Ria de Corcubión. Apesar de estar junto a uma estrada muito usada, o barulho é suportável. Nessa mesma estrada vamos encontrar algum comércio local, como mercearias e padarias, onde fizemos algumas compras para o nosso jantar.

As traseiras do parque de estacionamento têm ligação a uma rua que segue directa até ao casco antigo e ao porto de pesca. É uma bonita caminhada até ao centro.

Os portões deste parque encerram às 22h.




DIA 5 | FINISTERRA - ÉZARO - PORTO

ETAPA | 291 km


Deixámos Finisterra, depois de brindarmos com uma típica cerveja Estrella Galicia, e depois de nos despedirmos das vistas do típico porto de pesca. E seguimos para casa, mas sem antes visitarmos a famosa e bela Cascata de Ézaro. Há quem diga que esta é a única cascata europeia que cai directamente no mar. Mas a verdade é que esta queda de água, com 80 metros de altura, cai no rio Xallas. E é este rio que leva esta cascata até ao mar.

Muito perto, numa estrada um pouco acentuada vamos encontrar o famoso Miradouro de Ézaro e as incríveis vistas panorâmicas que nos proporciona, com o Cabo Finisterra ao longe, a recordar-nos de tudo aquilo que vivemos lá atrás.









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