Se estivéssemos num ano normal, hoje estaríamos a rumar até ao nosso festival de Verão. Aquele que nos tem acompanhado ao longo das diferentes fases das nossas vidas: o Festival de Vilar de Mouros. Considerado o Woodstock português, é o festival mais antigo da Península Ibérica. Com alguns interregnos e períodos conturbados, este festival existe desde 1965.
E só com razões muito fortes é que não marcamos presença neste festival histórico e místico. E com a companhia da Judite, esta experiência tem um sabor ainda mais especial, pois já não temos capacidade nem paciência para andar com as tendas às costas.
Este festival, para nós, é tão especial, porque nos leva durante 5 dias a embrenhar-nos num ambiente místico e familiar, onde nos sentimos verdadeiramente em casa. Os festivaleiros, campistas, autocaravanistas e residentes ainda se tratam por vizinhos, e onde se observa uma enorme ajuda entre todos. Onde as trocas são frequentes em horários naturalmente assimilados: à tarde pode-se sempre contar com as nossas (famosas) sandes de pão de forma, enquanto que numa outra tenda se partilham cervejas frescas. Intergeracional, onde tão depressa se convive com crianças a tomar banho no rio Coura, como à mesa do tasco da aldeia ouvimos os idosos residentes a combinar os concertos que vão assistir nessa noite, "mesmo não sabendo quem são os Cult". E é o festival dos "amigos de Vilar de Mouros", onde reencontramos aquelas amizades feitas ao longo dos anos, durante o festival, e que só nestes dias é que voltamos a estar juntos.
O Festival de Vilar de Mouros realiza-se todos os anos no final de Agosto, na freguesia de Vilar de Mouros, no concelho de Caminha. A aldeia é atravessada pelo Rio Coura, que proporciona alguns locais ideais para banhos, principalmente a praia fluvial que fica junto às Azenhas de Vilar de Mouros. Esta aldeia também é atravessada por uma ponte medieval, o seu ex-libris.
Durante o festival é montado um espaço para campismo, que possui todas as condições necessárias, como balneários, casas-de-banho, zona para lavar loiças ou zona para cozinhar. Por toda a aldeia existem todo o tipo de comércio essencial para nos mantermos durante estes dias, como cafés e mercearias. Também são criadas algumas zonas próprias para o aparcamento de autocaravanas, no entanto, salvo indicações contrárias, pode-se aparcar onde quisermos. Mas atenção que estes espaços não têm qualquer tipo de serviços/ equipamentos para autocaravanas, como electricidade, manutenção das águas e sanitas.
Para quem adquirir o passe de 3 dias do festival tem acesso a todos os equipamentos existentes no parque de campismo. Normalmente, ao redor da aldeia, os campos de milho são cedidos pelos agricultores, para serem usados como parques de estacionamento e onde, muitas vezes, aparcamos a Judite, junto de outros companheiros e outros campistas que não tiveram lugar no parque de campismo.
Por todas estas razões e pelas saudades sentidas, partilhamos as imagens do último Festival de Vilar de Mouros de 2019. Que possam ser inspiradoras e incentivadoras para quem não conhece este festival e o seu ambiente. Mas que sejam também uma forma de matar saudades, para aqueles que tal como nós não conseguiram este ano reviver esta experiência.
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