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Foto do escritoras aventuras da judite

dois emotivos memoriais raianos


Ao longo da Raia, a linha terrestre que separa Portugal de Espanha, fomos encontrar dois incríveis memoriais, os quais nos deram a conhecer três situações tão distintas e próprias da história de fronteira: o contrabando, a emigração ilegal e os refugiados.

Devem existir outros memoriais e museus ao longo desta comprida linha de fronteira, que relatem os tempos difíceis, a pobreza, ou a luta pela sobrevivência, características tão marcantes deste espaço geográfico, mas foram estes dois memoriais, descobertos ao acaso, que nos sensibilizaram para essas histórias tão dramáticas: Espaço Memória e Fronteira e Vilar Formoso - Fronteira da Paz.

Imperdíveis, pois, perante estes novos tempos, difíceis e conturbados, que vivemos, alertam-nos a não perder a nossa solidariedade, mas acima de tudo, a nossa humanidade.




ESPAÇO MEMÓRIA E FRONTEIRA

Rua Loja Nova, 4960-558 Melgaço

Horários | 10h00 - 13h00/ 14h00 - 17h00

Encerramento semanal | segunda-feira

Bilhete | €6,00/ adulto


No centro da cidade de Melgaço vamos encontrar este pequeno memorial, criado pelo Município de Melgaço. Inserido no antigo edifício do Matadouro Municipal, este espaço conta a história de duas situações específicas de sobrevivência praticadas pelas gentes desta região, durante os anos 60 e 70 do século passado: o contrabando e a emigração, a maior parte das vezes ilegal.

O primeiro espaço é dedicado à prática do contrabando. Através de vários documentos formais, percebemos os riscos que estas pessoas corriam, as mercadorias e os produtos mais passados e procurados de cada lado da fronteira, entre portugueses e espanhóis, e como muitas pessoas tiveram de passar a viver na clandestinidade, por causa desta prática ilegal.

Depois deste espaço, ao longo de uma rampa, enquanto apreciamos as várias fotografias expostas nas paredes, começamos a ser acompanhados pelo som dos testemunhos dos antigos emigrantes. Estes relatos fazem-nos perceber as causas que levaram à decisão de emigrarem, a preparação da viagem, a importância da mala de cartão, a chegada ao país de acolhimento e a integração na comunidade portuguesa aí existente, a vida nesse mesmo país, a maneira como enviavam o dinheiro para a família que tinha ficado para trás, e o elevado impacto que este fluxo migratório teve na região.

A emotividade que estes testemunhos verbais transmitem é reforçado por outros sons: o som do comboio a sair da estação ou o apito do navio a partir.

Este memorial desenha um verdadeiro retrato social daqueles que tentaram sobreviver a atravessar "a salto" a raia.











VILAR FORMOSO - FRONTEIRA DA PAZ

Largo da Estação, 6355 Vilar Formoso

Horários | 09h00 - 12h30/ 14h00 - 17h30

Encerramento semanal | segunda-feira

Bilhete | €6,00/ adulto



"Pãezinhos portugueses redondos e dourados acabados de fazer, ainda quentes a sair do forno; o melhor pão branco do mundo, como viemos a descobrir. Latas de deliciosas e enormes sardinhas, barras de chocolates. As senhoras distribuíam biscoitos doces e latas de leite condensado às crianças. Enquanto vivermos, não nos esqueceremos das autoridades portuguesas de Vilar Formoso."

Eugene Bagger, in For the Heathen are Wrong


Esta é uma das muitas homenagens que encontramos neste museu, de seu nome completo, Vilar Formoso - Fronteira da Paz, Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes.

Criado pelo Município de Almeida, este memorial é dedicado a Aristides de Sousa Mendes e conta a história dos refugiados salvos pelos inúmeros vistos que este cônsul passou à revelia do Estado Português.

Alojado em dois antigos armazéns, que pertencem à Estação Ferroviária de Vilar Formoso, apresenta no seu interior seis núcleos distintos de exposição: “Gente como Nós”, “Início do Pesadelo”, “A Viagem”, “Vilar Formoso – Fronteira da Paz”, “Por Terras de Portugal” e “A Partida”.

Aqui aprendemos que Vilar Formoso foi a porta de entrada em Portugal e o início do fim do pesadelo para os judeus de Bordéus, que fugiam do nazismo, depois da ocupação de França, durante a Segunda Guerra Mundial. Aprendemos também sobre a hospitalidade portuguesa, mais especificamente, das gentes de Vilar Formoso, que perante tantos estrangeiros, os acolheram e lhes mataram a fome com enormes panelas de sopa e com pão.

Este memorial está em constante mudança, onde, ainda hoje, os sobreviventes vivos e os seus familiares enviam fotografias e homenagens para agradecer a forma como foram tratados em Portugal, antes de seguirem viagem para as Américas.

Anónimos, mas também alguns conhecidos, muitos foram os refugiados que passaram por Portugal nesse ano de 1940, e que nos dão a conhecer, no interior deste museu, as suas memórias e as suas histórias durante este conturbado período. São alguns deles: Arthur Koestler, Alfred Döblin, Heinrich Mann, Antoine de Saint-Exupéry, Erika Mann, George Rony e Peggy Guggenheim.


“Que Deus abençoe Vilar Formoso pela humanidade que teve com aqueles estrangeiros há 73 anos. Que eu tenha o privilégio de ser capaz, durante a minha vida, de passar aquela bondade aos outros.”

Henry Galler 









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