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raia: um roteiro de 12 dias pela fronteira portuguesa


A Raia ou La Raya, como é conhecida a linha que divide Portugal de Espanha, está considerada como a fronteira mais antiga da Europa, e uma das mais antigas do Mundo. Estende-se ao longo de 1200 km, com início na Foz do Rio Minho, em Caminha, e com fim na Foz do Rio Guadiana, em Vila Real de Santo António.

De 1 a 12 de Junho, foi este o roteiro escolhido para fazermos o nosso desconfinamento, nesta fase Covid-19. E foi esta fase de desconfinamento que fez com que esta viagem se tornasse numa verdadeira aventura. Com as fronteiras fechadas, com as baterias da Judite em baixo e com necessidade de electricidade, com as ASA's e os parques de campismo encerrados e com a maior parte dos monumentos históricos ainda fechados a visitantes, depressa nos apercebemos que esta não iria ser a viagem idealizada para conhecermos a nossa Raia.

No entanto, foram também estas dificuldades e constrangimentos que nos levaram a aproveitar as novas e actuais oportunidades de viajar, descobrir belos recantos de paragem e de pernoita, bem como testar a nossa capacidade de adaptação. Provocando mais uma aventura mágica na companhia da Judite.




ROTEIRO DA RAIA PORTUGUESA

Dia 1 | Rio Minho

Dia 2 | Parque Nacional Peneda-Gerês

Dia 3 | Parque Nacional Peneda-Gerês (continuação)

Dia 4 | Aldeias Transraianas de Trás-os-Montes

Dia 5 | Terras Mirandesas

Dia 6 | Douro Internacional

Dia 7 | Beiras

Dia 8 | Tejo Internacional

Dia 9 | Alto Alentejo Raiano

Dia 10 | Alqueva

Dia 11 | Baixo Alentejo Raiano

Dia 12 | Guadiana



DIA 1 | RIO MINHO

ETAPA | CAMINHA - TERMAS DE MELGAÇO

| €13,50 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


Esta "nossa" Raia começou em Caminha, mais precisamente junto à Foz do Rio Minho, com Espanha à vista de um lado, e do outro lado com as ruínas do Forte da Ínsua, uma pequena ilhota no meio do mar. Depois de termos pernoitado no Parque de Campismo da Orbitur de Caminha, de manhã bem cedo iniciámos esta nossa primeira etapa pela fronteira natural criada pelo Rio Minho.

Começámos por visitar o centro de Caminha, com edifícios e espaços históricos cheios de interesse, como a Torre do Relógio ou a Rua Direita. Deixámo-nos ir pelas margens do Rio Minho, sempre que possível, à procura da sua refrescante paisagem. E fomos à descoberta das inúmeras instalações artísticas espalhadas pelas ruas e paredes de Vila Nova de Cerveira.

Nos arredores desta vila, parámos num desses recantos que as margens do Rio Minho esconde, para fazermos a nossa pausa de almoço no parque de merendas da Praia Fluvial da Lenta. Com as forças e o estômago cheios, percorremos calmamente parte dos 5 km das muralhas de uma das fortificações históricas mais importantes da Europa: a Fortaleza de Valença, em Valença do Minho. E por aqui ficámos a apreciar as extraordinárias vistas que estas muralhas proporcionam para as margens do Rio Minho e para a vizinha cidade espanhola de Tui.

Se até aqui já nos tínhamos apercebido que é a cor verde que domina e caracteriza o Minho, é em Monção e a percorrer algumas estradas da Rota do Alvarinho, com as suas vinhas de perder a vista, que essa sensação se intensifica.

Achávamos nós que não iríamos encontrar um local no Minho ainda mais verdejante, até entrarmos no mundo mágico das Termas de Melgaço, com as suas florestas densas e os seus riachos a acompanhar os edifícios históricos deste espaço termal. E foi nas traseiras das termas onde descobrimos a nossa pernoita, Parque de Campismo Termas de Melgaço, e onde vivenciámos umas das nossas melhores paragens ao longo desta Raia, acompanhados por um excelente e fresco copo de Alvarinho.












DIA 2 | PARQUE NACIONAL PENEDA-GERÊS

ETAPA | MELGAÇO - LINDOSO

| €19,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


Nesta segunda etapa deste roteiro, começámos por deixar para trás a fronteira natural criada pelo Rio Minho para entrarmos na incrível cordilheira do Parque Nacional Peneda-Gerês, onde é possível sentirmos as suas fortes tradições e agrestes paisagens.

Mas antes de entrarmos no Gerês tivemos obrigatoriamente que visitar o encantador centro histórico de Melgaço, com as suas casas de granito. Como o Castelo de Melgaço se encontrava encerrado, por motivo de obras de restauro, fomos dedicar o nosso tempo ao emotivo memorial Espaço Memória e Fronteira, que nos conta as histórias dramáticas do contrabando e da emigração ilegal, duas práticas de sobrevivência tão emblemáticas destas gentes de fronteira.

Através da bela e panorâmica estrada EN202, que liga Melgaço a Lamas de Mouro, entrámos finalmente no Parque Nacional Peneda-Gerês. Mas é o troço da EN202-3, de Lamas de Mouro a Castro Laboreiro, que nos mostra as características mais agrestes desta região do Gerês. E há quem diga que a natureza imposta nesta região não foi moldada para servir o homem.

Castro Laboreiro é uma das aldeias mais bonitas e típicas desta região e dada a sua localização, transforma-se, com alguma naturalidade, num extraordinário miradouro. E foi no parque de estacionamento de um desses espaços panorâmicos, que parámos para fazermos a nossa pausa e comermos o nosso almoço, acompanhados por vistas de tirar o fôlego.

Mas foram muitas outras estradas panorâmicas que nos iriam levar até ao nosso próximo destino: Soajo. Por essas estradas, estreitas mas transitáveis, fomos atravessando aldeias típicas, como São Bento do Cando, Gavieira, Rouças, Tibo ou Adrão, algumas delas visíveis apenas ao longe, através dos vários miradouros existentes, como o Miradouro do Tibo. E deixámo-nos ir devagar, ao sabor do tempo vagaroso que esta região nos impõe, pelas suas irregulares a acentuadas estradas ou simplesmente pelo caminhar calmo e caprichoso de uma vaca qualquer.

Chegados ao Soajo, foi com esta lentidão que percorremos os belos Espigueiros do Soajo, um conjunto de espigueiros comunitários, cercados pelas vistas maravilhosas do maciço montanhoso da Serra do Soajo. Com o dia quase a terminar, ainda tivemos tempo para visitar a vizinha vila do Lindoso e o seu Castelo, construído para defesa fronteiriça, dada a proximidade com Espanha. Mas é a sua eira comunitária a atracção principal da vila. Este conjunto de espigueiros está considerado o maior da Península Ibérica.

Com as vistas cheias, seguimos viagem para a nossa pernoita: Lima Escape - Camping & Glamping. Novamente, fomos os únicos a pernoitar neste parque de campismo, localizado em Entre Ambos-os-Rios, perto de uma das margens do Rio Lima.














DIA 3 | PARQUE NACIONAL PENEDA-GERÊS (CONTINUAÇÃO)

ETAPA | ENTRE AMBOS-OS-RIOS - TOURÉM

| €13,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, com electricidade incluída |


Nesta etapa despedimo-nos do incrível Parque Nacional da Peneda-Gerês e tivemos uma pequena amostra do que será a próxima etapa: as aldeias transraianas de Trás-os-Montes.

Como queríamos tomar a direcção de Campo do Gerês, começámos este novo dia a atravessar algumas das estradas mais panorâmicas desta região, CM1348, CM1149 e a M531. Levaram-nos a conhecer algumas aldeias tradicionais, como Germil ou Brufe, fizeram-nos acompanhar algumas manadas de garranos, os cavalos selvagens do Gerês, proporcionaram-nos vistas fantásticas para a Barragem de Vilarinho das Furnas, e poderiam ter-nos provocado sérias aventuras, se ao longo deste percurso nos tivéssemos cruzado com alguma viatura, pois certos troços destas estradas são demasiadamente estreitas.

Depois de Campo do Gerês, para descontrairmos e para nos rirmos um pouco, foi obrigatório parar junto da placa da aldeia Covide. Dada a fase que vivemos, esta placa transformou-se numa verdadeira atracção turística. E claro que a foto da praxe não podia faltar.

Logo após a saída desta aldeia entramos em São Bento da Porta Aberta. Mais do que um importante local de culto e de romaria, este espaço religioso transforma-se num dos mais bonitos miradouros da região, com o Rio Cávado como pano de fundo.

De seguida, fomos encontrar a bela Vila do Gerês quase intransitável, com as suas principais ruas em obras, por isso, parámos apenas para fazermos algumas compras numa mercearia da vila e seguimos viagem para a Mata da Albergaria e Portela do Homem.

A Mata da Albergaria é uma das zonas mais protegidas do Parque Nacional Peneda-Gerês. Por isso, existem algumas regras de conservação: paga-se uma taxa de €1,50 para a atravessar, não se pode parar ou estacionar, e não se pode fazer fogo. Estas regras são-nos explicadas pelos guardas à entrada da mata. Só podemos parar no estacionamento junto da antiga fronteira. Este estacionamento serve para as pessoas deixarem as suas viaturas, enquanto fazem algumas caminhadas ou visitam a Cascata Portela do Homem.

Com a fronteira de Portela do Homem fechada, aproveitámos para dar a volta com a Judite pelo antigo controlo fronteiriço, e relembrar as memórias de infância, quando passávamos, numa Renault 4L, por esta mesma fronteira para ir Espanha.

Com uma certa nostalgia, voltámos para trás para seguirmos viagem para uma outra porta de entrada no Gerês. De Paradela em direcção a Tourém fizemos um dos nossos maiores sacrifícios deste roteiro. Com o tempo contado, sem perspectivas de pernoita nesta região e por conhecermos muito bem Pitões das Júnias, decidimos deixar de fora esta aldeia e seguir directos para Tourém.

Um autêntico enclave, quase toda a aldeia é cercada por outras aldeias espanholas. Já tão pouco habituados a fronteiras e a controlos fronteiriços, foi desconcertante ver algumas ruas desta aldeia fechadas por muros de betão, impedindo a livre circulação entre estas povoações, portuguesa e espanhola. Mas também foi interessante perceber como estas gentes têm convivido descontraidamente, ao longo dos anos, com esta linha, tantas vezes simbólica. Dada a proximidade, e sem qualquer tipo de controlo, foi possível observar pessoas, de ambos os lados da fronteira, a atravessarem a pé esses muros, mesmo sendo proibido, para irem ter com familiares e amigos, para trabalharem ou simplesmente para irem tomar um café.

Após inúmeros contactos, e já desesperados por não encontrarmos nenhum local de pernoita com electricidade perto desta zona, fomos encontrar esse espaço no Parque de Campismo - Quinta do Rebentão, nos arredores de Chaves. Já não fomos os únicos a pernoitar neste espaço, mas o ambiente foi muito calmo e seguro. De manhã, um padeiro que passa por todas as ruas do parque, vendeu-nos um delicioso folar de Chaves que saboreámos durante o nosso almoço rápido.















DIA 4 | ALDEIAS TRANSRAIANAS DE TRÁS-OS-MONTES

ETAPA | VILAR DE PERDIZES - RIO DE ONOR

| €14,65 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


Esta etapa pelas aldeias transraianas de Trás-os-Montes ensinou-nos que não é uma linha ou uma fronteira que consegue separar dois povos.

Começámos esta etapa na aldeia mística de Vilar de Perdizes, uma aldeia típica de fronteira mais conhecida pelas festas organizadas pelo Padre Fontes dedicadas ao oculto e pelos congressos de medicina popular, que aqui se realizam todos os anos em Setembro.

Seguindo o mais perto possível pela linha da Raia, parámos em Soutelinho da Raia, uma das aldeias mais encantadoras desta etapa, e a que melhor nos ensinou dois conceitos de fronteira: aldeia transraiana e povos promíscuos. As povoações designadas por aldeias transraianas eram aquelas que, por indefinição da Raia, que durou até 1864, se estendiam tanto por território português, como pelo espanhol, com a linha de fronteira muitas vezes a atravessar ruas e casas. E, claro, eram chamados de povos promíscuos por os habitantes destes povoados partilharem o mesmo quotidiano, as mesmas práticas sociais, religiosas e culturais.

Até entrarmos no Parque Natural de Montesinho, passámos por outras aldeias com estas características, ou parecidas, como Vilarelho da Raia, Vilarinho da Raia ou Vila Verde da Raia. Foi nesta última vila que fizemos um pequeno desvio, para visitar o Castelo de Santo Estevão. Como este pequeno castelo encontrava-se fechado, seguimos viagem para Vinhais, vila famosa pelo seu fumeiro e por ser uma das portas de entrada do Parque Natural de Montesinho.

Localizado no Nordeste Transmontano, na denominada Terra Fria transmontana, o Parque Natural de Montesinho é uma zona protegida por possuir uma extraordinária biodiversidade. Terra de fortes tradições e características protegidas pelas belas aldeias que se espalham por este território: Travanca, Parâmio, Meixedo ou Rabal. Mas foram as aldeias de Varge e de Rio de Onor que nos fizeram apaixonar por estas terras.

Varge possui uma característica muito tradicional desta região transmostana: os Caretos. Os Caretos de Varge, um grupo de homens solteiros com máscaras e fatos coloridos, cumprem todos os anos a tradicional e divertida Festa dos Rapazes, que está associada ao solstício de Inverno e ao culto de Santo Estevão. Entre 24 de Dezembro e 6 de Janeiro é possível ver estes mascarados e os seus rituais de iniciação.

Rio de Onor é outra aldeia tipicamente transraiana. É a calcorrear as suas ruelas com as suas casas de pedra que interiorizamos esse conceito de povos promíscuos. A aldeia é divida a meio pela Raia, metade é portuguesa, Rio de Onor, e Rihonor de Castilla é o seu lado espanhol. No café da aldeia sentam-se à mesma mesa tanto espanhóis como portugueses, muitos deles com laços familiares e de parentesco, quase todas as pessoas possuem pequenos terrenos de cultivo de ambos os lados da fronteira, e nas suas ruelas, o espanhol ouve-se com a mesma frequência que o português. Nem mesmo o muro de betão, que nos dias de hoje foi colocado para fechar a Raia, consegue cortar a forte ligação que existe entre estes dois lados da fronteira.

Com muita pena nossa, pois queríamos ter ficado a pernoitar neste ambiente tão único, fomos encontrar o Parque de Campismo de Rio de Onor encerrado. E a ASA identificada no park4night é apenas um parque de estacionamento.

Desta feita, fomos fazer a nossa pernoita no Parque de Campismo Cepo Verde, considerado um dos melhores do país, com certificação ambiental. Localizado na freguesia de Gondesende, a poucos quilómetros do centro de Bragança, tivemos como única vizinhança uma raposa que, assustadiça, teimava em cheirar o nosso jantar.















DIA 5 | TERRAS MIRANDESAS

ETAPA | BRAGANÇA - MIRANDA DO DOURO

PERNOITA | Douro Camping

| €14,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


O dia de hoje seria dedicado às Terras de Miranda. De Bragança a Miranda do Douro, percorremos as suas tradições, paisagens e dialecto.

Em Bragança apenas visitámos o Castelo de Bragança, um dos edifícios mais importantes de defesa fronteiriça. Com a ASA de Bragança encerrada, mas com um parque de estacionamento perto, decidimos tentar a nossa sorte e subir até ao castelo com a Judite. Com algum esforço lá conseguimos passar pela porta da muralha e estacionar no amplo parque de estacionamento existente no interior.

Fomos alertados pelos funcionários do castelo, que o acesso a este parque de estacionamento está proibido a veículos pesados, havendo aplicação de multas. Com a sensação de que são os próprios a chamar as autoridades, quando vêem uma autocaravana no perímetro do castelo, foram informados para a ilegalidade dessas multas, já que a sinalização existente não se aplica a veículos ligeiros, como é o caso da maioria das autocaravanas.

No entanto, também deixamos aqui o alerta de que não é qualquer autocaravana que passa pelas portas da muralha.

Com as terras de Miranda em mente, uma das nossas regiões transmontanas preferidas, seguimos viagem pelas fantásticas estradas panorâmicas que nos dão a conhecer as características desta região: castanheiros no meio de campos de trigo, e aldeias típicas com as suas placas identificativas, escritas em português e em mirandês, como Vimioso, Avelanoso, Ifanes, Picote ou Freixiosa. Estradas essas que também nos fizeram cruzar com as personagens mais famosas destas terras: os burros mirandeses.

Ao deixar o melhor para o fim, já que íamos pernoitar no Douro Camping, parque de Campismo da cidade de Miranda do Douro, tivemos a oportunidade de visitar com calma o centro histórico desta vila, onde aproveitámos para comprar alguns dos melhores produtos da região: duas postas mirandesas para o nosso jantar, e algumas alheiras e chouriço transmontano para levar para a viagem. Mas antes de seguirmos para a nossa pernoita, ainda descemos até à Barragem de Miranda, para assistir às fantásticas paisagens criadas pela fronteira natural do Douro Internacional.














DIA 6 | DOURO INTERNACIONAL

ETAPA | BEMPOSTA - ALMEIDA

PERNOITA | ASA ZÁZÁ, Vilar Formoso

| €8,00 - €5,00 pernoita de 2 adultos, 1 autocaravana/ €3,00 - electricidade |


Das paisagens extraordinárias do Douro Internacional aos monumentos históricos de defesa fronteiriça, foi assim esta sexta etapa, pelas incríveis terras da Raia.

Depois de acordarmos com fantásticas vistas para o Castelo e o centro histórico de Miranda do Douro, que o Douro Camping proporcionam, seguimos viagem para uma das mais bonitas aldeias desta região: Bemposta. Famosa pelo seu tradicional entrudo chocalheiro, do alto do seu centro histórico, um miradouro convidou-nos a apreciar as paisagens extraordinárias do Parque Natural do Douro Internacional.

E as difíceis escolhas continuaram, pois infelizmente não dedicámos muito tempo a Mogadouro. Apenas parámos no seu centro histórico, para tirarmos umas fotografias rápidas e para tomar café. Pois a nossa intenção era apanharmos uma outra estrada panorâmica desta rota: EN221, que nos iria levar até Figueira Castelo Rodrigo.

Depois de apanharmos esta estrada, a nossa primeira paragem foi em Freixo de Espada à Cinta, um dos concelhos mais remotos do país. E foi no seu centro histórico que ficámos a conhecer duas das suas mais interessantes características: um freixo centenário com a espada à cinta e a extraordinária arquitectura manuelina dos seus edifícios históricos.

Perto desta vila, existem alguns locais para se parar e fazer uma boa pausa de almoço, como a Praia Fluvial da Congida. Mas nós preferimos subir até ao topo do Miradouro Penedo Durão, para apreciar as vistas sobre o Rio Douro. A 2 km do centro de Freixo de Espada à Cinta, é um local calmo e com bons acessos. Algumas escadarias e caminhos de xisto convidam-nos a pequenos passeios.

De novo na EN221, é a partir daqui até Barca d'Alva que vamos encontrar um dos troços mais bonitos desta estrada, sempre acompanhados, por um lado, pela margem portuguesa do Rio Douro, e do outro lado, pelos inúmeros socalcos carregados de oliveiras, videiras ou amendoeiras.

Barca d'Alva é um encanto, e não apenas durante a época das amendoeiras em flor, quando esta vila é mais visitada. É aqui que o Douro Internacional se separa de Espanha, para entrar em território português. No centro de Barca d'Alva encontrámos outro meio de aproximação entre os dois países: a linha ferroviária e a sua Estação de Comboios, agora desactivada e em ruínas.

Chegados ao final da bela EN221, e já no distrito da Guarda, seguimos directos para a aldeia histórica de Castelo Rodrigo. No topo de uma colina, fomos encontrar esta aldeia a reabrir aos poucos, depois da fase do confinamento. Comprámos alguns produtos da região, como um delicioso licor de amêndoa, que nos foi dado a provar numa das tradicionais lojas de artesanato existentes dentro das muralhas.

A nossa próxima paragem seria numa outra aldeia histórica, talvez a mais famosa de todas: Almeida. E de todas as aldeias históricas é esta a que possui o maior símbolo de defesa fronteiriça: a Praça-Forte de Almeida. É a percorrer as suas muralhas e baluartes que passamos a ter a verdadeira noção de que estamos perante uma monumental obra-prima da Engenharia Militar portuguesa.

Depois de nos depararmos com mais uma ASA encerrada, a de Almeida, por motivos da Covid-19, seguimos viagem para Vilar Formoso. E foi no centro desta vila fronteiriça que encontrámos a ASA privada ZÁZÁ, e onde carinhosamente fomos recebidos pelos nossos anfitriões: "Que andam por aqui a fazer, meus portuguezinhos?"



















DIA 7 | BEIRAS

ETAPA | VILAR FORMOSO - PENAMACOR

PERNOITA | ASA privada de Lardosa, Fundão

| €10,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


Quando não havia uma linha a definir o território, os castelos e fortalezas erigidas serviam para delimitar o espaço nacional. Esta etapa levou-nos à descoberta dos monumentos raianos e históricos de defesa fronteiriça. E a paisagem das beiras impôs-se, finalmente.

Ainda nos dias de hoje Vilar Formoso é uma das principais vias terrestres de entrada em Portugal. E em 1940 tornou-se na Fronteira da Paz ao permitir a entrada de judeus, em território nacional, que chegaram aos milhares com os vistos passados à revelia do Estado Português, pelo cônsul Aristides de Sousa Mendes. Muitas destas histórias de sobrevivência, de acolhimento e de solidariedade das pessoas de Vilar Formoso, recordadas pelos refugiados, podem ser vistas e conhecidas no emotivo memorial Vilar Formoso - Fronteira da Paz.

Ao seguirmos para sul, depois de Vilar Formoso, a estrada que tomámos tornou-se quase numa própria fronteira. Se pararmos a autocaravana e nos colocarmos na berma, há zonas em que conseguimos ter um pé em Espanha e outro em Portugal.

Já no concelho de Sabugal, fomos parar na bela aldeia Alfaiates, onde no seu centro é possível conhecer o Castelo de Alfaiates. Com uma arquitectura muito ímpar, pois tem mais aspecto de um edifício religioso do que militar, foi o grande suporte de defesa do Forte de Almeida. Com o castelo fechado, estacionámos no amplo espaço que rodeia este monumento para fazer a nossa pausa de almoço.

Sabugal foi outra vila a mostrar-nos o rico património militar edificado nestas zonas de fronteira, o Castelo do Sabugal. Mais do que o seu papel na defesa nacional, a importância deste edifício prende-se com uma lenda. Acredita-se que tenha sido neste castelo que se deu o Milagre das Rosas, protagonizado pela Rainha Santa Isabel e pelo Rei D. Dinis.

A nossa próxima paragem seria a vila de Penamacor, localizada perto da Serra da Estrela. Depois de deixarmos a Judite estacionada, o mas próximo possível do cume desta vila, fizemos a nossa subida pelas ruas estreitas, típicas e históricas. Algumas igrejas, capelas e as ruínas do Castelo de Penamacor vão-nos acompanhando ao longo desta caminhada. Também nos vão acompanhando as belas vistas sobre a Reserva Natural da Serra da Malcata.

Depois de inúmeros contactos, desesperados e com o apoio da autarquia do Fundão na procura de uma pernoita, lá descobrimos o local onde tivemos a mais bela experiência de pernoita em toda a Raia: ASA privada de Lardosa. No meio de um olival, um jovem casal de franceses transformou o local para acolher algumas autocaravanas. E entre a partilha de uns cálices de licor caseiro de framboesa e licor de amêndoa, percebemos que temos um dia que regressar, para voltarmos a sentir a enorme simpatia e hospitalidade deste casal.














DIA 8 | TEJO INTERNACIONAL

ETAPA | MONSANTO - VILA VELHA DO RODÃO

| €17,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


Na continuidade da visita dos monumentos de defesa fronteiriça, entrámos noutra etapa de fronteira natural da Raia: o Tejo Internacional.


De manhã bem cedo despedimo-nos dos nossos anfitriões da ASA privada de Lardosa, com a promessa de aqui regressarmos com mais tempo. A caminho de Monsanto, que seria a nossa primeira visita, fomos forçados a parar na berma da estrada para comprarmos algumas cerejas do Fundão, o doce fruto desta região.

Monsanto, aldeia histórica, é mais conhecida pelo título que lhe foi atribuído em 1938: aldeia mais portuguesa de Portugal. A subida ao Castelo de Monsanto é dura, mas imperdível. Por entre caminhos agrestes, penedos e casas típicas, há muitos recantos para se ir descansando. Nas várias lojas de artesanato da aldeia é quase obrigatório comprar uma marafona, a boneca da boa sorte. Tradicionalmente ligada à fertilidade era usada nos tempos passados durante a noite de núpcias.

Em Penha Garcia, uma aldeia típica da Beira Baixa, tivemos um dos nossos maiores sustos ao longo da nossa Raia, a tentar subir com a Judite até ao Castelo de Penha Garcia, depois de confiarmos nas orientações de uns residentes. Sim, dificilmente dá para subir de autocaravana até ao Castelo. Por isso, preferimos deixá-la estacionada e subir a pé. E no final, não nos arrependemos, pois a subida é encantadora com as suas casas típicas e ruelas estreitas.

Depois deste episódio seguimos viagem até às Termas de Monfortinho, para estarmos o mais próximo possível da linha de fronteira e tentar procurar um espaço para fazermos o nosso almoço. Com tudo ainda fechado, por motivos da Covid-19, incluindo o espaço termal, fomos encontrar esse espaço para a pausa de almoço no adro da Igreja da aldeia de Segura.

A típica aldeia de Segura localiza-se numa margem do rio Erges, uma fronteira natural desta zona da Raia. A bonita ponte romana de Segura, nos seus arredores, é o ex-libris desta aldeia. Tem sido ao longo dos anos um dos pontos de passagem entre os dois países. Sobre o rio Erges e no meio da ponte vamos encontrar o marco de fronteira e as placas identificativas das direcções de Portugal e de Espanha. Com a ponte fechada por um muro de betão, tivemos que entrar "a salto" nesta fronteira, para tirar a fotografia do dia.

Para continuarmos paralelos à linha de fronteira e conhecer melhor esta região do Tejo Internacional, apanhámos uma panorâmica estrada rural, que segue de Segura a Rosmaninhal. As paisagens e a vida idílica do campo que esta estrada muito estreita e degradada proporcionaram, fizeram-nos considerar esta como uma das mais panorâmicas estradas da nossa Raia.

A partir de Rosmaninhal a estrada torna-se melhor, e começa a apresentar-nos as aldeias típicas desta zona do Parque Natural do Tejo Internacional, como Monforte da Raia, Malpica do Tejo ou Perais. Chegados a Vila Velha do Rodão, a vila raiana que conduz o Tejo para território nacional, não pudemos deixar de apreciar o incrível monumento natural das Portas do Rodão, uma imponente garganta esculpida pelo Tejo.

Foi no Camping Beirã-Marvão que terminámos a etapa deste dia. Situa-se nas arredores de Castelo de Vide, em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede. Propriedade de um casal de holandeses, este parque de campismo possui todas as condições de segurança, no âmbito desta fase Covid-19. À entrada é-nos medida a temperatura e nas áreas comuns e fechadas é obrigatório o uso de máscara. A pernoitar no meio de um olival, de manhã bem cedo acordámos com os chocalhos de um rebanho que passava.
















DIA 9 | ALTO ALENTEJO RAIANO

ETAPA | CASTELO DE VIDE - ALANDROAL

PERNOITA | Camping Rosário

| €24,00 - 2 adultos, 1 autocaravana, electricidade |


A Raia alentejana desvendou-nos tesouros históricos e naturais, reforçados pelas características típicas desta região... bem como o seu calor abrasador! Do Marvão ao Alandroal, esta foi uma etapa mágica.

Com mais um castelo raiano encerrado, o de Castelo de Vide, por motivo de obras de restauro, aproveitámos para dedicar o nosso tempo à bela Judiaria, o antigo bairro judeu, que se localiza no centro da parte histórica desta vila. E é a calcorrear estas ruas estreitas com as suas casas brancas, que vamos começando a interiorizar as belas características alentejanas.

Continuando em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, subimos até ao "maior" miradouro de Portugal: Marvão. Do alto do Castelo de Marvão recordámos as palavras de José Saramago: "De Marvão vê-se a terra toda (...)". E como são extraordinárias estas vistas.

Depois de nos deixarmos ir pelas encantadoras ruelas da vila de Marvão e pelas suas bem conservadas muralhas, voltámos a ter que fazer escolhas no nosso roteiro. As ruínas da vila romana Ammaia teriam de ficar para outra oportunidade, pois estava previsto um dia cheio por algumas das vilas e cidades mais emblemáticas desta pedaço da linha da Raia. Por isso, seguimos pelas estradas secundárias, que melhor nos mostram as nossas terras, à descoberta das aldeias típicas do Alto Alentejo, tais como Alegrete, Esperança ou Arronches.

Em Campo Maior, estacionámos dentro das suas distintas muralhas onde calmamente fizemos o nosso almoço. A passearmos pelas belas muralhas e pelo centro histórico, reforçámos a noção que nos foi acompanhando ao longo desta viagem: esta fase de desconfinamento não foi o melhor período para se começar a viajar. Com todos os monumentos e atracções encerrados, só nos restou seguir viagem.

Elvas já nos esperava com o seu imponente Aqueduto da Amoreira no horizonte. E fomos revisitar o seu castelo. Segundo a UNESCO, Elvas possui o maior sistema de fortificações abaluartadas do mundo, o que lhe permitiu defender-se dos recorrentes ataques espanhóis ocorridos ao longo dos séculos.

Mas foi na Fortaleza de Juromenha que nos deixámos impressionar por estes monumentos de defesa fronteiriça, apesar do seu actual estado de abandono e ruína. Localizada na aldeia de Juromenha, a 16 km de Elvas, proporcionou-nos vistas incríveis para Espanha e para o rio Guadiana que por aqui passa.

Antes de nos recolhermos à nossa pernoita, ainda tivemos tempo para conhecer o centro da vila do Alandroal. E claro que não foi de estranhar quando encontrámos o seu principal monumento encerrado: o Castelo do Alandroal.

E foi nos arredores da aldeia Rosário que fomos encontrar o simpático e rural Camping Rosário. Por motivos Covid-19, neste momento as pernoitas têm de ser antecipadamente reservadas. Só aceitam a admissão a maiores de 16 anos, o que nos levou, num momento de descontração e humorístico, a inventar motivos para a criação dessa regra, muitos deles estavam reservados a maiores de 18 anos. Mas brincadeiras à parte, este parque de campismo, propriedade de um casal estrangeiro, ele holandês, ela italiana, proporcionou-nos uma excelente pernoita.

Tem todas as comodidades para autocaravanas e no final ainda jantámos umas excelentes pizzas, preparadas pelos nossos anfitriões. Apaixonado por autocaravanas clássicas, o nosso anfitrião deixou alguns elogios à nossa Judite, enquanto apreciávamos o belo pôr-do-sol que daqui se avista. Por falta de opções de pernoita com electricidade junto do Alqueva, que seria a nossa próxima etapa, voltámos aqui para fazer uma segunda pernoita.
















DIA 10 | ALQUEVA

ETAPA | CASTELO DE MONSARAZ - LUZ

PERNOITA | Camping Rosário (2ª pernoita)


O percurso circular desta etapa levou-nos a descobrir o que para nós é o Alentejo desconhecido: o Alqueva.

Saímos bem cedo do Camping Rosário e virámos na primeira placa turística que vimos a identificar o Castelo de Terena. Situado na aldeia com o mesmo nome, Terena, visitámos livremente este monumento medieval, pois a porta principal da muralha encontra-se aberta para quem quiser entrar. Depois de passearmos pelas ruelas típicas desta aldeia, seguimos viagem para uma das vilas medievais mais bonitas desta região: Monsaraz, com o seu Castelo.

Dentro as muralhas, fomos encontrar uma bela vila medieval alentejana, com as suas casas caiadas de branco. As ruelas levaram-nos a descobrir belas lojas de artesanato e as vistas para o Alqueva. Depois de comprarmos uma garrafa de belo vinho de Reguengos de Monsaraz e um típico prato de cerâmica, pintado à mão, fomos à procura de umas belas migas alentejanas.

Essas deliciosas migas foram apreciadas na esplanada da Adega do Cachete, em São Pedro do Corval, vila famosa por ser considerada o maior centro oleiro de Portugal. De barriga cheia seguimos para Reguengos de Monsaraz, mas com a vila deserta, por ser a hora do calor e da sesta, fomos procurar um recanto para nos refrescarmos ao longo da Albufeira do Alqueva.

Depois de encontrarmos o parque de estacionamento e a Praia Fluvial da Amieira completamente lotados, decidimos, dada a fase em que vivemos, continuar viagem à procura de um pequeno canto numa das margens da barragem. Não foi difícil. Logo após a vila do Alqueva, com estradas e desvios repletos de características desta região, fomos encontrar um belo e calmo lugar de paragem.

A muito custo, lá seguimos o nosso itinerário rumo ao Castelo de Moura. De entrada gratuita deixámo-nos levar pelas características deste tipo de edificação de defesa da Raia. Mas a nossa curiosidade prendia-se na singular e nova Aldeia da Luz. Aldeia esta construída exactamente igual à original que foi submersa pela Barragem do Alqueva. Não chegámos a tempo de encontrar o Museu da Luz aberto, para melhor percebermos a relocalização da aldeia, através do seu espólio exposto. Mas ainda nos permitiu percorrer as suas belas ruas e conhecer as suas características.

Com o pôr-do-sol a aproximar-se, decidimos regressar ao Camping Rosário, onde fizemos a nossa segunda pernoita.
















DIA 11 | BAIXO ALENTEJO RAIANO

ETAPA | MOURÃO - MINAS DE SÃO DOMINGOS PERNOITA | ASA de Mina de São Domingos

| Pernoita gratuita - €2,00 água, quando funciona |


Esta nossa última etapa pela Raia alentejana levou-nos por um itinerário curto de património edificado, mas contribuiu para um longo panorama natural e paisagístico.

A primeira paragem desta nossa penúltima etapa pela Raia foi na vila de Mourão. Subimos até à Igreja de Nossa Senhora das Candeias, incrustada numa das paredes das muralhas do Castelo de Mourão.

A viagem até Barrancos mostrou-nos as verdadeiras características do Baixo Alentejo, tão desconhecidas para estes dois nortenhos. Depois de passearmos pelas ruas do centro desta vila, com as suas casas pintadas de branco e amarelo, percebemos as fortes ligações culturais que esta região raiana tem com Espanha. Também aproveitámos para apreciar um dos melhores presuntos do país.

Foi a dar continuidade à Raia, que parámos numa das aldeias da panorâmica EN265, para atestar a Judite de gasóleo, e onde sentimos a carinhosa hospitalidade alentejana, quando fomos convidados a pernoitar na aldeia, a visitar os arredores, a provar a saborosa gastronomia e a sentirmos a simpatia deste povo.

Com o complexo das Minas de São Domingos em mente, decidimos seguir viagem, mas deixámos a promessa de aqui um dia regressar. De tradição mineira, chegámos a esta aldeia ao final da tarde, ideal para um passeio a pé para descobrir calmamente as diferentes estruturas mineiras, as quais chegam a estar distanciadas entre si por vários quilómetros. Acessível a veículos, incluindo autocaravanas, por estradas de terra batida, preferimos fazer este percurso a pé, porque não levámos connosco desta vez as bicicletas.

Com a Praia Fluvial da Tapada Grande quase lotada, pois é muito procurada por outros companheiros autocaravanistas, decidimos ficar a pernoitar no espaço público junto da ASA de Mina de São Domingos. Esta foi uma das piores pernoitas ao longo de toda a Raia. Degradada, com os equipamentos fora de serviço, como água e electricidade, ainda passámos a noite em claro, com o barulho vindo das muitas autocaravanas que procuram com muita frequência este espaço para fazer as suas manutenções.
















DIA 12 | GUADIANA

ETAPA | MÉRTOLA - VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO


A última etapa desta aventura fez-se ao longo da última fronteira natural: o Guadiana. De Mértola a Vila Real de Santo António despedimo-nos deste inesquecível roteiro e da nossa Raia.

E foi na cidade raiana de Mértola que fomos encontrar este último pedaço de fronteira natural criada pelo Rio Guadiana. Numa das margens deste rio, deparámo-nos com a vila antiga caiada de branco, cercada pelas muralhas do impressionante Castelo de Mértola.

A caminho da fronteira entre o Baixo Alentejo e o Algarve, a viagem foi marcada pelas belas paisagens do Parque Natural do Guadiana. E é na vila de Alcoutim que colocámos o pé na última região portuguesa desta Raia: o Algarve.

Alcoutim, localiza-se numa margem do Rio Guadiana, virada para a vila espanhola de Salúcar do Guadiana. Famosa pelo seu porto fluvial, é uma vila marcada pela tradição do contrabando. Esta actividade era exclusivamente realizada com recurso a barcas, que serviam para atravessar o rio para o lado espanhol. No topo da vila visitámos o Castelo de Alcoutim de onde se tem vistas panorâmicas para as características da arquitectura algarvia da vila, para o Rio Guadiana e para a margem espanhola.

E foi nesta vila que iniciámos a viagem pela panorâmica estrada M507, a qual nos levou paralelos ao Rio Guadiana e nos fez atravessar as típicas aldeias fluviais desta região, como Laranjeiras, Guerreiros do Rio, Foz do Odeleite ou Odeleite.

Apesar de ser uma estrada municipal, rapidamente nos levou à penúltima paragem deste nosso roteiro: Castro Marim. Esta pequena vila possui um enorme e rico património natural e arquitectónico, como a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, o Castelo de Castro Marim ou o Forte de São Sebastião.

A uns meros 5 km do centro de Vila Real de Santo António, a amarga sensação de fim começou a instalar-se. E foi na Foz do Guadiana que mais sentido nos fez as palavras de Álvaro Cunhal, encontradas numa das paredes desta vila, "tomemos nas nossas mãos os destinos das nossas vidas". Pois foi aqui que termina este nosso diversificado país e esta nossa incrível raia. E onde tomámos nas nossas mãos mais um destino das nossas vidas.

Que venham muitos mais...
















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