Merzouga é uma pequena e turística aldeia localizada no deserto do Sahara, o terceiro maior deserto do mundo, que tem a maior extensão de dunas, o Erg Chebbi. O que torna esta aldeia tão conhecida e concorrida é a proximidade às dunas e a incrível experiência que as mesmas proporcionam: dormir uma noite num acampamento no deserto do Sahara.
Chegar a Merzouga de autocaravana é muito fácil. As estradas são boas e há muitas indicações pelo caminho, seja para quem vem de Ouarzazate, seja para quem vem do norte. Por estas estradas, com uma paisagem árida e argilosa, pois já estamos no deserto, começamos a perceber as características, as actividades e as culturas típicas desta região de Marrocos.
Os dromedários andam livremente pela paisagem a pastar e podem atravessar as estradas, como alertam os sinais de perigo que vamos encontrando. Não são assustadiços, mas também não se aproximam. De qualquer forma, vão permitindo umas boas fotografias, enquanto o seu guardador não chega de bicicleta para os recolher.
Ao longo da estrada, há muitas barracas onde se vendem produtos de artesanato berbere e da região, mas também leite de camela. Experiência que não fizemos questão de provar.
Cruzamo-nos com vários veículos, como jipes 4x4 ou motas, que por aqui andam a desbravar a imensidão que estas dunas e paisagens áridas provocam. E o silêncio do deserto só é quebrado pelo típico som dos motores destes veículos.
Nesta zona de Marrocos é habitual vermos passar algumas viaturas militares, o que nos revela a proximidade à fronteira com a Argélia, que fica a meros 35 km de distância, uma vizinhança nem sempre fácil.
Sendo uma aldeia tão turística, dispõe de muitas opções de hospedagem e de pernoita. Observando-se também esta facilidade na hora de programar e reservar a dormida no deserto.
Chegados de Ouarzazate, após quase 6 horas de viagem, reconhecemos que, em qualquer roteiro de viagem por Marrocos, devem ser reservadas pelo menos duas noites em Merzouga, uma para descansar, depois da viagem, e outra para experienciar a extraordinária noite no deserto.
O Parque de Campismo Les Pyramides foi o local escolhido para pernoitar na primeira noite e para deixar a Judite em segurança durante a segunda noite, a que passámos no acampamento do deserto. À chegada, o nosso anfitrião partilhou um chá de menta connosco, enquanto pagávamos a pernoita no parque de campismo e enquanto este nos organizava a noite no deserto. Este tratou de tudo e foi, inclusive, o nosso motorista e guia durante a viagem até ao acampamento.
COMO É VIVIDA A INCRÍVEL NOITE NUM ACAMPAMENTO NO DESERTO DO SAHARA
O valor desta experiência para dois adultos ficou por €140,00. Este valor não foi negociado, pois considerámos bastante justo por toda a experiência que nos iria proporcionar, incluindo a noite extra da Judite no parque de campismo. Este valor pode variar de acordo com o tipo de tenda, que podem ir de básicas até deluxe, e pelo tipo de transporte escolhido para chegar ao acampamento.
O jantar e o pequeno-almoço estão incluídos e estas refeições são feitas numa tenda “restaurante”. Têm o cuidado de perguntar se somos vegetarianos ou se não comemos algum tipo de carne. Como não há ementa, comemos o que nos é colocado à frente, desde a sopa até às sobremesas.
Escolhemos ficar numa tenda deluxe, com casa de banho privada. O interior das tendas estão completamente mobiladas e decoradas, com todas as condições de conforto. A casa de banho completa, tem uma zona de banhos com água extraordinariamente quente. Na verdade, já ficámos em hotéis com menos condições.
O transporte até ao acampamento pode ser feito de várias formas, incluindo a pé. Como não queríamos ir de camelo, a viagem foi feita de jipe 4x4 e iniciou-se no parque de campismo às 16 horas da tarde.
Esta viagem até ao acampamento levou-nos a conhecer algumas atracções turísticas. Visitámos uma aldeia de povos africanos do deserto e assistimos à sua música tradicional. Passámos por uma aldeia abandonada, após ter sido desactivada a sua mina de carvão, agora ocupada regularmente por militares que fazem o controlo da fronteira com a Argélia. E passámos por acampamentos berberes, que nos permitiram perceber que estes povos, verdadeiramente nómadas, vão-se mantendo cada vez mais tempo no mesmo local, devido aos períodos cada vez mais prolongados de seca.
À chegada ao acampamento, que se encontra localizado num vale, para ficar mais abrigado dos constantes ventos e tempestades de areia, os funcionários, vestidos com roupa tradicional, convidam-nos a dar uma volta pelas dunas para assistirmos ao pôr-do-sol, enquanto não é servido o jantar.
Neste curto passeio, já que as dunas estão por todo o lado, levámos uma garrafa de bom vinho português, para brindar à vida e à incrível experiência que estávamos a vivenciar. Não esquecer o saca-rolhas, nem os copos, quando prepararem a mochila. Também é durante este momento, enquanto apreciamos este vinho e as diferentes tonalidades do sol sobre a areia do deserto, que vamos observando os outros visitantes a chegar aos seus acampamentos de camelo.
Depois do jantar, os funcionários do acampamento, convidam-nos a partilhar uma fogueira no meio das dunas e a ouvir música tradicional tocada por eles. Se a noite estiver animada, que foi o nosso caso, convidam-nos também a dançar.
Este convívio não se prolonga por muitas horas, já que os funcionários também precisam de descansar, em tendas próprias no acampamento, e porque o dia seguinte começaria bem cedo. Com um bater de palmas e de panelas, para nos ajudar a acordar, dirigimo-nos para uma das dunas, para esperar que o sol brilhante salte no horizonte. Esta indescritível experiência foi o ponto alto desta viagem pelo deserto. Até hoje foi o nascer do sol mais incrível que tivemos a oportunidade de assistir.
De manhã cedo, depois do pequeno-almoço, o nosso anfitrião, volta a fazer o seu papel de motorista e leva-nos novamente para o parque de campismo, para recolhermos a Judite e seguir viagem.
Passar uma noite no deserto, nas dunas do Erg Chebbi, é ter a oportunidade de viver uma experiência única e obrigatória, por nos proporcionar uma sensação incrível de liberdade, no meio do nada, onde a natureza nos brinda com paisagens e tonalidades raras.
